segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O Terrível Natal

O Terrível Natal


Quando o natal estava se aproximando, a família Rochedo tinha um motivo a mais para comemorar, a chegada de mais um membro da família: um bebê!
A Senhora Rochedo era uma mulher muito vistosa, apesar de seus 45 anos, ainda tinha muita jovialidade, e com a chegada do primeiro e tão esperado filho, estava ainda mais radiante.O Senhor Rochedo era um homem sério, empresário de sucesso do ramo de telecomunicações, com seus 55 anos, sua aparência sóbria lhe acrescentava mais 10 anos em sua face... Parecia cansado, apesar da felicidade do primeiro filho, que só iria chegar graças à tecnologia das inseminações artificias.
A família se reunia todos os anos na casa de praia do sr Rochedo, no litoral de São Paulo, onde iriam comemorar mais um natal, rodeado de primos, parentes , tios etc... somente um irmão estaria ausente: Ricardo Rochedo que havia falecido num trágico acidente meses atrás.
A noite estava fria, o que era incomum para a data de natal no litoral e todos estavam sentados à mesa, brindando além do natal, a chegada do primeiro rebento dos Rochedo... O que chamava a atenção era a tia Lucia, sentada na cabeceira da mesa, com o olhar distante, fria, pensativa, manuseando os talheres calmamente no prato vazio. O barulho do garfo arranhando a porcelana, chamou a atenção da senhora Rochedo, que se virou para a tia e perguntou:
- A senhora está bem?
Tia lúcia sempre foi uma mulher doce, carinhosa, não teve filhos e ficou viúva muito jovem , jamais se casando de novo.Era muito rica, e com o passar dos anos se preocupava em quem herdaria sua fortuna. A Tia respirou fundo e respondeu à senhora Rochedo:
- Sim, ainda estou bem!Vocês é que ficarão chocados quando essa criança maldita nascer!
Todos à mesa se surpreenderam com a forma a que Tia Lúcia se referiu à criança esperada por todos: Maldita!
O Senhor Rochedo, que era chamado de Jorginho pelos íntimos, se levantou da mesa irritado e gritou com a tia, repreendendo o que ela havia dito:
- Cale-se! A senhora está velha e ranzinza! Maldita é a senhora! Como ousa entrar na minha casa e falar assim do meu filho?
O silencio tomou conta da sala. Todos se entreolharam e quando olharam em direção aTia Lúcia, a mesma estava com os olhos revirados, tentava balbuciar algumas palavras, mas o seu coração enfraquecido estava parando...sim ela estava enfartando!
O que seria uma noite agradável de natal se tornou um velório silencioso e obscuro. O senhor rochedo num canto se sentia culpado pela morte da tia, era consolado por seus parentes e amigos. A senhora Rochedo, ficava ainda mais apreensiva, já estava com 8 meses de gestação, e temia pelo seu filho.
Dia 25 de dezembro, às 16:00hs aconteceu o enterro.
Após o enterro, o advogado da tia Lúcia chega à casa dos Rochedo e declara que o sr Jorge Rochedo é o único herdeiro da tia Lúcia, por testamento lavrado em cartório.
Jorginho fica surpreso com a notícia, jamais esperaria uma herança do tipo, ainda mais da tia Lúcia, que demosntrava sempre um desafeto por ele.
Dias depois chega a hora do parto da Senhora Rochedo...ela estava muito nervosa porque estava pensando na morte de sua tia. Ela havia preparado tudo, para sua ida à maternidade, mas por um breve instante, resolveu escrever um pequeno bilhete ao seu marido. Sua sobrinha, Samara havia ido passar uns dias com a tia, justamente para ajudar a cuidar do pequeno rebento, ainda sem nome escolhido.
A hora do parto se aproximava e a senhora Rochedo pela avançada idade, iria se submeter à uma cesariana. O médico achava melhor não correr o risco de em um parto normal , sua pressão arterial subir a ponto de não poder ser mais controlada.
A senhora Rochedo se dirige à sala de cirurgia, ao passar pelo corredor, entrega o bilhete à Samara, e diz que saberá o momento de entregá-lo à Jorginho.
O sehor Rochedo estava ansioso, nervoso na sala de espera do hospital, acompanhado de alguns familiares.
Passaram- se mais de duas horas e a família estava apreensiva, quando o médico abria a porta para dizer que o bebê havia nascido. Todos sorriram, se cumprimentaram, se abraçaram, mas Jorginho percebeu que o médico estava cabisbaixo...
- Doutor, como está a minha esposa?
O médico, retirou o gorro da cabeça e começou a se lamentar, dizendo que havia feito de tudo, mas perdeu a senhora Rochedo na mesa de parto...
Nesse instante, a jovem Samara entendeu que seria a hora da entrega do bilhete ao tio, e sorrateiramente colocou o bilhete nas mãos do tio, enquanto se despedia com um olhar breve.
Jorginho imediatamente abriu o bilhete e reconhecendo a letra de sua amada esposa leu em pensamento:
- "Amado Jorginho, hoje é um dia muito especia e se esse bilhete chegou às suas mãos,siginifica que não estou entre vocês. Esse filho é o que de mais importante aconteceria em nossas vidas, mas não poderia deixar de revelar à você que no dia da colheita do seu sêmem, foi detectado uma má formação em seus espermatozóides e eu estava ovulando naquele momento. O meu desespero de te dar um filho era tanto que não pensei duas vezes e procurei seu irmão, e após umas taças de vinho nos deitamos.
Me surpreendi ao saber que estava grávida,e quando contei ao seu irmão ele pegou o carro e dirigiu daquela forma para te contar o que havia acontecido e sofreu aquele acidente terrível.
Espero que você ame esse filho como se fosse seu.
Com amor, Laura Rochedo."


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